DOBRAR AS COSTAS OU FLETIR JOELHOS E ANCA?
- Salvador Miguel
- 7 de nov. de 2023
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Muitas vezes ouvimos que, para diminuir as dores nas costas ou para não as originar, devemos levantar pesos fletindo os joelhos e a anca. Será que é mesmo assim?
As dores na região lombar, ou seja, lombalgias, são a causa mais frequente de incapacidade a nível mundial (Hoy et al, 2014). Deste modo, tornou-se importante perceber o que pode estar na origem dessa condição, surgindo evidência que nos diz que, quanto mais vezes levantarmos peso e quão mais pesado for a carga, maior será o número de vezes que surge dores lombares (Coenen et al, 2014).
A evidência apenas associa a dor ao levantamento de peso, mas existe bastantes crenças de que, durante o levantamento de pesos, a dor mais depressa aparecerá se dobrarmos as costas (Darlow et al. 2014; Nolan et al, 2018). Será verdade?
Segundo Saraceni e colaboradores (2020), evidência de baixa qualidade vem refutar a associação feita entre a flexão da coluna durante o levantamento de peso e o surgimento e persistência de episódios de lombalgia, contrariando as ideias defendidas até então.
«Mas então o que devo eu fazer?»
O surgimento desta informação torna-se importante para que não seja criada uma relação de medo entre a flexão da coluna e o levantamento de peso, pois vem dizer que é tão seguro levantar peso com a coluna fletida como com flexão dos joelhos e da anca.
Ainda assim, temos de ter a consciência de que dobrando os joelhos e a anca conseguimos gerar mais força, ou seja, quanto mais pesada for a carga, mais devemos adotar a flexão dos joelhos e da anca.
Concluindo, não devemos ter medo em dobrar a coluna para levantar algo, mas, ao mesmo tempo, temos de ser consciente de que ao dobrar os joelhos e a anca conseguimos levantar mais peso, o que nos dará maior certeza de que o nosso corpo está apto a levantar determinada carga.
Texto escrito por: Diogo Silva
Publicado a: 13 de Março de 2022
Bibliografia
Coenen, P., Gouttebarge, V., van der Burght, A. S., van Dieën, J. H., Frings-Dresen, M. H., van der Beek, A. J., & Burdorf, A. (2014). The effect of lifting during work on low back pain: a health impact assessment based on a meta-analysis.Occupational and environmental medicine, 71(12), 871–877. https://doi.org/10.1136/oemed-2014-102346
Darlow, B., Perry, M., Stanley, J., Mathieson, F., Melloh, M., Baxter, G. D., & Dowell, A. (2014). Cross-sectional survey of attitudes and beliefs about back pain in New Zealand. BMJ open, 4(5), e004725. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2013-004725
Hoy, D., March, L., Brooks, P., Blyth, F., Woolf, A., Bain, C., Williams, G., Smith, E., Vos, T., Barendregt, J., Murray, C., Burstein, R., & Buchbinder, R. (2014). The global burden of low back pain: estimates from the Global Burden of Disease 2010 study. Annals of the rheumatic diseases, 73(6), 968–974. https://doi.org/10.1136/annrheumdis-2013-204428
Nolan, D., O’Sullivan, K., Stephenson, J., O’Sullivan, P., & Lucock, M. (2018). What do physiotherapists and manual handling advisors consider the safest lifting posture, and do back beliefs influence their choice?. Musculoskeletal science & practice, 33, 35–40. https://doi.org/10.1016/j.msksp.2017.10.010
Saraceni, N., Kent, P., Ng, L., Campbell, A., Straker, L., & O’Sullivan, P. (2020). To Flex or Not to Flex? Is There a Relationship Between Lumbar Spine Flexion During Lifting and Low Back Pain? A Systematic Review With Meta-analysis. The Journal of orthopaedic and sports physical therapy, 50(3), 121–130. https://doi.org/10.2519/jospt.2020.9218
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